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Eugénio Tavares
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A Vingança dos Medíocres
A tentativa de apear do seu pedestal o Delfim de Cabo Verde

Entre 1850 e 1900 formou-se uma elite cultural na Ilha Brava, com aderentes em todas as Ilhas, sobretudo na Cidade da Praia (Ilha de Santiago). Apontaram a aurora nativista em Cabo Verde, que passando pelos Claridosos redundaria mais tarde no Nacionalismo conducente á Nação Caboverdiana.


Loff de Vasconcelos
Encabeçada por Eugénio Tavares e Loff de Vasconcelos (fotografia à direita), essa escola de homens de letras, tentaram através da imprensa deixar temas lamechas e olhar para o novo homem caboverdeano, sua cultura, escolaridade e alfabetização, procurando combater as injustiças.

Destaque especial à crise alimentar e a fome inundou a imprensa.

Mediocres e conservadores, ameaçados nos privilégios obtidos à custa de injustiças, cedo tentaram travar o avanço e lançaram uma campanha de difamação contra os jornalistas. Eugénio Tavares era um dos alvos principais pela sua frontalidade e mordacidade.
 

 

 

Serpa Pinto deixara Cabo Verde e para travar o avanço social, foi chamado João Cesário de Lacerda que num segundo mandato, com mãos de ferro, viria reprimir e servir a causa dos conservadores descontentes.

Cesário de Lacerda chama Eugénio ao Palácio do Governo na Cidade da Praia e, numa repreensão brutal, proíbe na imprensa referências à fome que grassava em Santiago.

Governador João Cesário de Lacerda
(1841-1903)
 

Palácio do Governo, na Cidade da Praia, onde ocorreu o último encontro entre Eugénio e o Governador

Era preciso apear o Delfim de Cabo Verde do seu pedestal de fama e glória. Inventa-se um desfalque, na Fazenda Pública, para perseguir o poeta.

Eugénio não se desarma, e abre-se um conflito que num doloroso calvário incluiria o exílio, a prisão e uma absolvição depois de vinte anos bem penosos.

 

Informações adicionais

O EXÍLIO COMO SOLUÇÃO DO CONFLITO

Mas quem pode ó Deus, confiar no destino, quem pode devassar os arcanos do futuro?

Volvem anos, Eugénio Tavares, está agora entregue a uma horda de inimigos, que a febre da ambição estimula e o prazer da vingança enlouquece. Serpa Pinto regressara a Lisboa; a administração da Colónia fora confiada a um dos mais acérrimos adversários do malogrado poeta e polemista.

Soara o momento mais grave da sua vida luminosa, mas, golpeada de cruciantes infortúnios. Diante dele, ergue-se agora um dilema terrível; deixar-se esmagar ou afastar-se do rincão florido onde nasceu, onde amou muito e sofreu demais. Instado, forçado pela família e por numerosos amigos, resolveu partir. É a América do Norte que ele escolhe para exílio.

Ah! Quem pode avaliar a tempestade de amargura, de desespero, que rugiu dentro do seu grande coração, ao deixar Pátria, lar, entes adorados, naquele momento de inespremível agonia, em que até o solo da Brava tremeu, (estranha coincidência), como que sacudido por uma convulsão de dôr, enquanto, mil lenços brancos, agitados por mãos nervosas, espalhavam saudades pelos ares!

João José Nunes

Saiba mais sobre João José Nunes aqui!

 

CARTA ABERTA DE EUGÉNIO TAVARES AO SENHOR GOVERNADOR DE CABO VERDE

Durante a polémica estabelecida entre o jornalista Eugénio Tavares e o Governador, Eugénio declara in extremis a sua posição irredutível em defesa do Povo de Cabo Verde. Citamos:

"Senhor Governador de Cabo Verde, Dr. Cesário de Lacerda

"...Eu exijo para o povo aquilo que de direito sei ser do povo;
porque sobre o facto de lhe ser negado
provar que lhe não seja devido
pode muito bem o não dar hoje
preparar o ter que dar amanhã.

...Por isso exijo; não peço. Quereis saber quem sou eu para exigir?

SOU UMA VONTADE E, POR CONSEGUINTE, UMA FORÇA. "

Eugénio Tavares, Ilha Brava, 1900,
in REVISTA DE CABO VERDE

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