Homenagem da Câmara Municipal de Lisboa nas comemorações dos 130 anos do nascimento de Eugénio Tavares.
A Câmara Municipal de Lisboa e a Fundação Eugénio Tavares realizaram a 25 de Janeiro de 1997 uma sessão solene evocando Eugénio Tavares, pela passagem dos 130 anos do seu nascimento. A mesma sessão homenageou o poeta bravense Rodrigo Peres, pela passagem dos seus 80 anos que se festejavam na altura. Estiveram presentes muitos artistas cabo verdianos, entre os quais Celina Pereira, Titina, Fernando Quejas, Marino Silva, entre outros.
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Postal-convite, anunciando o evento "Evocar Eugénio Tavares", decorrido na Videoteca de Lisboa, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. |
A imprensa lisboeta noticiou largamente esta homenagem a Eugénio Tavares. Citamos como exemplo um artigo publicado num dos matutinos de Lisboa, o "Correio da Manhã", de 26 de Janeiro de 1997:
"TROVADOR DA ILHA BRAVA LEMBRADO COM "SÔDADE"
Eugénio Tavares, o ilustre bravense, recentemente, evocado na Videoteca Municipal de Lisboa
Dizia-se que a Ilha Brava, em Cabo Verde, ia acabar quando o seu mais querido poeta e trovador morreu. Hoje, passados 66 anos sob o penoso acontecimento, Eugénio Tavares continua bem vivo na alma do povo das mornas, como fez crer a evocação que, recentemente, lhe foi dirigida na Videoteca Municipal de Lisboa.
Inserida nas Comemorações dos 130 anos do nascimento do ilustre bravense, a sessão incluiu ainda uma homenagem ao poeta RodrigO Peres, por ocasião do seu 80° aniversário, e foi animada com a presença de várias dezenas de membros e amigos da Fundação Eugénio Tavares, que organizou a iniciativa com o apoio da Câmara Muncipal de Lisboa.
E se as mormas, imagens fotográficas e videográficas da Brava conseguiram aquecer os coração dos presentes, não menos calorosos foram os poemas recitados ou palavras de "sôdade" proferidas em memória de Eugénio Tavares. Embora referido como poeta no convite oficial, porque de facto o foi e com todos os atributos, ressalve-se que o titulo advém ainda da força poética que acompanhou a sua vida - como músico e trovador da morna, como retratista incomparável da sociedade do seu tempo, como filólogo, dramaturgo, jornalista criterioso e temível, ou ainda como figura de grande encantamento popular, e defensor dos mais desprotegidos...
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Exemplar do artigo publicado no Correio da Manhã, 26.01.1997 |
No vasto rol de qualidades enumeradas, Eugénio de Sena, presidente da Fundação, não deixou de salientar o humanismo latente daquele que, apenas com a quarta classe, "foi pioneiro na defesa do homem caboverdiano livre e inserido num sociedade digna e independente" e um dos grandes percursores de discursos sobre os Direitos do Homem. A título de exemplo sublinhe-se as palavras proferidas publicamente, em 1921, durante uma greve nos Estados Unidos, depois de, injustamente, ter sido vítima de perseguições políticas no seu País.
Mais do que memórias esparsas no tempo, tanto este como outros episódios estão vivos na alma de todos aqueles que gozam de afinidades com a Ilha Brava. Graças à tradição oral, e carga afectiva que lhe é inerente, o passado foi trazido até aos dias de hoje, trazendo consigo a figura justamente mitificada e resuscitada de Eugénio Tavares. E a verdade é que quem seja cúmplice dessa herança, transmitida de pai para filho ou de amigo para amigo, tem sempre uma história para cantar e encantar...
Para que o campo de admiradores, que inclui Isabel Barreno e outros escritores e artistas de Portugal e Cabo Verde, seja cada vez mais numeroso e qualitativo, a Fundação tem vindo a esforçar-se no sentido de engrandecer ainda mais o homem que simboliza "o maravilhoso espírito do homem de Cabo Verde" e, por isso mesmo, distinguido com a mais alta condecoração da área cultural naquele país: a Ordem do Dragoeiro.
Um do actos mais significativos foi a própria criação da instituição - um apelo do Presidente da República de Cabo Verde, António Mascarenhas Monteiro que, em 1995, levou à criação da sede em Sintra e propósito de delegações em Cabo Verde e nos Estados Unidos.
Escolhida aquela vila, a Fundação promoveu e viu concretizar no mesmo ano a geminação Sintra (Portugal) / Nova Sintra (Ilha Brava em Cabo Verde), numa cerimónia pública, presidida pelos respectivos presidentes de município, Edite Estrela e Jorge Arcanjo Nogueira.
Embora a falta de meios financeiros seja o principal travão do crescimento da Fundação, os seus membros e amigos subscrevem a ideia de que esta é e continuará a ser um meio indispensável para a recolha, protecção e divulgação da obra literária e musical do poeta.
No âmbito dos projectos, muitos são os planos que fervilham. Entre eles, o apoio a teses de doutoramento e mestrado, encontros culturais ou a criação de prémios literários, artísticos e musicais que ajudem também o combate à xenofobia. Para já, é sabido que o poeta vai voltar aos Estados Unidos numa exposição fotográfica e documental a realizar em Boston e Pawtucket, onde se encontram comunidades de bravenses emigrados. Quanto às outras ideias, viáveis ou não, o certo é que Eugénio Tavares está vivo para ajudar."
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Informações adicionais |
Com o apoio da CML
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