Por um Congresso Eugénio Tavares
EugenioTavares.org
Outubro 2013

A Fundação Eugénio Tavares defende a ideia da realização de um CONGRESSO EUGÉNIO TAVARES, enquanto espaço cultural e científico ajustado à dimensão política de Eugénio Tavares e de outros autores nativistas da sua geração, enquanto pilares fundamentais da construção da identidade nacional cabo-verdiana e do processo de emancipação desta nação.

Abaixo publica-se o contributo de José Marques Guimarães, Doutor em História e Investigador do nativismo cabo-verdiano. Esta é a primeira pedra de um edifício a construir através da conglomeração dos esforços de múltiplos construtores, a partir do impulso de arranque que lhe é dado pela Fundação Eugénio Tavares.


 

Por um Congresso Eugénio Tavares

A importância sociocultural e política de Eugénio Tavares na historia contemporânea de Cabo Verde justifica, ou exige mesmo, a celebração de um Congresso que abra um ciclo de debate e estudo à altura da dimensão política deste e doutros autores nativistas da sua geração, enquanto pilares fundamentais da construção da identidade nacional cabo-verdiana e do processo de emancipação desta nação.

Com efeito, Eugénio Tavares e a geração nativista que pioneiramente animou a Revista de Cabo Verde, em 1899 e, pouco mais de uma década depois, já na vigência da I República em Portugal, a Voz de Cabo Verde – na qual, além do grande poeta e jornalista bravense, se destacariam Luís Loff de Vasconcelos, Pedro Monteiro Cardoso e José Lopes – contribuíram decisivamente para o desenvolvimento do espírito autonomista e independentista de onde emergiria o nacionalismo anti-colonialista cabo-verdiano, como já tive oportunidade de escrever e de afirmar por diversas ocasiões.

No entanto, apesar da sua extraordinária dimensão sociocultural e política, a intervenção nativista destes intelectuais cabo-verdianos tem sido frequentemente abordada de forma muito diluída e redutora, ou então, excessivamente fragmentada, separando-se rigidamente a criação poética e/ou a composição de mornas da militância nativista e, consequentemente, negando-se a unidade identitária do(s) seu(s) autor(es).

O que, sem retirar o mérito às diversas iniciativas culturais, académicas ou não, que têm contribuído para o estudo aprofundado e a divulgação da sua obra literária e política, me leva a defender a necessidade de se organizar um Congresso dedicado a Eugénio Tavares e aos seus companheiros nativistas, resultante da confluência de esforços de académicos e de outros investigadores ou intelectuais que estejam interessados em divulgar o conhecimento da sua obra, com o apoio das Universidades e de outras instituições disponíveis para o efeito, desde que não condicione a independência do conteúdo do seu trabalho.

Disponibilizando-me, desde já, para colaborar no lançamento e desenvolvimento desta iniciativa, entendo que ela receberá um forte impulso do envolvimento da Fundação Eugénio Tavares na sua concretização.

José Marques Guimarães
Lisboa, 17 de Setembro de 2013