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Eugénio Tavares
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Musealização da Casa Museu de Eugénio Tavares

Quando do seu casamento com D. Guiomar Azulai Leça Tavares, Eugénio vai morar na Casa de Pé da Rocha, propriedade de sua mulher. A sua mãe D. Eugénia da Vera Cruz Medina e Vasconcelos acabava de se enviuvar do poeta Sérvulo de Paula Medina e Vasconcelos que morrera na Ilha Brava. Assim todo o recheio da casa de sua mãe adoptiva foi-lhe oferecido como presente de casamento.

Era um recheio rico em peças que tinham sido levadas da Ilha da Madeira para a Ilha Brava aquando do exílio de Medina e Vasconcelos. Este grande intelectual e político madeirense caiu em desgraça aquando de uma revolução que teve uma célula na Madeira e foi mandado pelo rei exilar-se na Guiné e mais tarde na Ilha Brava. Essa a razão porque o recheio apresentava peças de grande valor universal em mobiliário, pois fora recheio de um dos mais famosos palácios madeirense.

A Fundação Eugénio Tavares e os familiares do Poeta possuem algumas peças originais da Casa bem como algumas réplicas que se encontram ao dispor do projecto.

Além disso possuem imagens e um historial do recheio que permite uma total recuperação do mobiliário da Casa. Essas fotos e referências foram obtidas nos anos 60 com a ajuda de João José Nunes, o discípulo que viveu mais perto do poeta, e oferecem uma total credibilidade e rigor.

Na Primavera deste ano o Dr. Carlos Alberto de Carvalho teve oportunidade de visitar a Sede da Fundação em Sintra bem como à casa de familiares do Poeta no Estoril onde pôde apreciar esse espólio.

Seguidamente encontram-se algumas imagens que representam as principais peças que compunham o recheio da Casa de Eugénio Tavares.

Sala de Jantar

A Sala de Jantar era das salas mais amplas da casa. Tinha por peça central uma mesa redonda em madeira com os pés todo trabalhado em talha, tipo século dezassete e era extencivel a doze pessoas. A mesa era rodeada de cadeiras de espaldário alto forradas a cabedal e guarnecidas com pregos de latão nas costas e no assento.

Em cima, pendurava-se um lindo candeeiro em ferro forjado preto, e abajour branco com um sistema de roldanas e um monobloco em ferro permitindo baixar ou subir em relação à mesa.

Num canto situava-se um tocheiro em talha dourada e abajour não identificado.

Numa das paredes da sala estendia-se uma consola com cerca de quatro ou cinco metros, em talha dourada, e tampa em pedra mármore cinzento escuro e servia para colocar louças ou objectos ao serviço da sala. Por cima da consola um paneau muito vulgar nas salas da Brava, representava uma cena de caça e um encontro de família, gozando os ares do campo em confraternização.

O louceiro muito tradicional na Brava era embutido numa das paredes com duas portadas em madeira toda trabalhada tipo século dezassete.

   
Vista geral da sala
Candeeiro da sala de jantar
   
Relógio de parede
Cadeira
   
Mesa de jantar
Peças do louceiro
   

 

Louceiro embutido na parede
 

Sala de Estar

Das divisões da casa a sala de estar apresentou sempre mais dificuldade de reconstituição dado a diversidade dos móveis com vários estilos característicos e de várias proveniências.

Todavia algumas peças foram identificadas havendo um móvel central decorado com bibelots e compartimentos para livros. Um relógio todo em ferro de proveniência americana fabricada pela Ansónia Clock Watch ocupava o centro do móvel.

A um canto uma peanha em pedra trabalhada sustinha um candeeiro em porcelana com rosas estampadas e um abat-jour vermelho no tom da rosas. Duas cadeiras de baloiço, sendo uma bem identificada de origem americana de estilo muito vulgar nos EUA. Nessa cadeira conta-se que o poeta estava sentada quando foi atacado de angina pectoris que o fulminou a 1 de Junho de 1930.

Uma das paredes era toda ocupada com prateleiras tipo estantes recheada de livros. Os cadeirões muito vulgares nas salas bravenses eram em madeira e palhinha que se usava muito por essa altura. Uma das característica muito citada pelos informadores era a existência de uma jarra sempre com flores frescas ao gosto do dono da casa. Uma grafonola alta também ao estilo da Brava ocupava o seu lugar.

   
Candeeiro; na parede fotografia de Eugénio Tavares recebendo a visita do governador Guedes Vaz
Cadeira de baloiço
   
 
Relógio da Ansonia Clock Watch
   
Móvel central da Sala de estar
   

Quarto de dormir

Estas mobílias levadas da Ilha da Madeira para a Brava pelo poeta Sérvulo de Paula Medina e Vasconcelos e oferecidas a Eugénio Tavares, eram de grande estilo e qualidade. Uma cama de bilros dominava o quarto ladeada por duas mesas de cabeceira encimadas por dois candeeiros.

Uma cómoda toda trabalhada fazia conjunto com um espelho renascença em talha dourada. Um espaçoso guarda-fato em madeira trabalhada com bastante relevo ao estilo século dezassete. Constava um oratório com uma imagem de Nossa Senhora do Rosário do qual não foi possível ter mais detalhes.

   
Cama de Bilros
Candeeeiro de cabeceira
   
Pormenor da cama de Bilros
   
Guarda-fato estilo séc. XVII
Espelho "Renascença" em talha dourada
   
Cómoda
Arca em couro, originária da Ilha da Madeira
   

Cofre em ferro: este cofre pertença de Eugénio Tavares foi oferecido a uma das suas sobrinhas, Eugénia Tavares de Sena viúva do Comandante do navio John Manta Albertino José de Sena – Nho Tino. Nele ainda estão guardadas cerca de uma dúzia de mornas manuscritas pelo punho de Eugénio Tavares bem como varias cartas recebidas e até enviadas pelo poeta. Contém o primeiro manuscrito da Morna Força di Cretcheu bem como do Mar Eterno.

Guarda a última carta de Alberto de Sena, filho de Nho Tino escrita de Providence nas vésperas da partida do John Manta para a viagem à Ilha Brava. John Manta, seu Comandante, seu filho Alberto e mais trinta e oito pessoas desapareceram para sempre no mar sem nunca terem chegado à Brava. Foi uma das maiores tragédias da Historia Trágico-Maritima de Cabo Verde.

Caixa de recordações em Madeira: pertenceu a Eugénio Tavares, e foi também deixado à sua sobrinha Eugénia Tavares de Sena. Usava-se para guardar postais, cartas e outras recordações.

Contém cartas e postais enviadas da América para a sua irmã Henriqueta, durante o seu exílio e muitas outras lembranças guardadas pelo Poeta e que são dados importantes para a sua biografia.

   
Cofre em ferro que continha manuscritos de Eugénio Tavares
Caixa em madeira
Informações adicionais

Mobiliário da Casa de Eugénio Tavares

No decurso dos anos 60 a recolha das obras do poeta permitia já a publicação de um volume ou dois pelo que o sobrinho neto, Eugénio de Paula Tavares de Sena, aceitou a oferta de Manuel Ferreira para essa publicação. Era então necessário, uma viagem a Cabo Verde para completar alguma investigação e obter apoios.

Numa audiência concedida o Governador Sacramento Monteiro foi informado em detalhes sobre o projecto e ficou muito entusiasmado prometendo todo o seu apoio. Todavia o Governador propunha que um escritor caboverdiano em vez de Manuel Ferreira seria o indicado para a feitura dos livros.

Assim Jaime de Figueiredo o Bibliotecário da Praia e uma grande cultor de Eugénio propõe Félix Monteiro para a compilação e logo foi aceite por nós.

Na falta de barcos para a Brava o Governador autorizou que a corveta “Quanza” da Marinha de Guerra Portuguesa na sua viagem ao Fogo se desviasse à Brava para que os contactos se prosseguissem. Na Brava aparece José Pedro Godinho Gomes, professor e Administrador do Concelho a alinhar com o Governador e oferecer alguns escritos em sua posse e da Administração do Concelho.

Nessa altura foi José Pedro Godinho Gomes quem teve a primeira ideia da Casa Museu, alegando que os proprietários da Casa, D. Auta Lomba e filhos Mariazinha e Dudu se tinham ausentado para os EUA e ela estava vaga. A exemplo do nosso trabalho na recolha das obras literárias, começou de imediato a procura e identificação do mobiliário para a Casa Museu.

Era logo evidente que trinta anos depois da morte do poeta seria difícil recuperar as peças. Algumas foram localizadas em casa de parentes, mas, é João José Nunes o discípulo de Eugénio Tavares que se oferece para recuperar sobretudo a memória da que fora a Casa de seu Mestre.

Foi muito importante o trabalho de João José Nunes no fornecimento de dados que hoje nos permite toda essa memória. Por feliz coincidência João José Nunes pouco depois passa por Lisboa a caminho da sua última viagem aos EUA e vamos aos Museus e Antiquários de Lisboa definir e igualar estilos e idealizar réplicas. Quarenta anos depois da ideia da Casa Museu por José Pedro Godinho Gomes e quase oitenta sobre a morte de Eugénio Tavares aqui nos orgulhamos de apresentar um projecto que vai permitir a musealização em termos fidedignos.

A Fundação Eugénio Tavares orgulha-se de vos apresentar um trabalho de décadas que libertou Eugénio Tavares da lei da morte e do esquecimento a que quase poderia ter sido condenado.

 

Preito de Homenagem e Gratidão aos colaboradores na recolha do espólio de Eugénio Tavares

Neste momento e neste local, ao apresentar este projecto e passar a mensagem de como se chegou à recuperação do espólio de Eugénio Tavares e à preservação da sua memória queria com toda a elevação do meu espírito agradecer e homenagear todos aqueles que nos já distantes anos 60, contribuíram para que não se perdesse este capítulo importante da história de Cabo Verde. Serão pelo seu trabalho e colaboração sempre lembrados :

> Comandante Sacramento Monteiro, primeiro caboverdiano a assumir o cargo de Governador Geral de Cabo Verde. Grande entusiasta de Eugénio Tavares que muito dignificou a Causa.

> José Pedro Godinho Gomes, Intendente, Administrador de Concelho e professor primário. Teve a primeira ideia da Casa Museu, recolheu muitas obras e colaborou com Félix Monteiro e a Fundação Eugénio Tavares.

> Félix Monteiro, escritor, grande figura da Cultura de Cabo Verde, investigador da obra de Eugénio que reuniu em três volumes o essencial do espólio cultural. A Fundação Eugénio Tavares disponibilizou-lhe grande parte da sua recolha e conseguiu patrocínios da Presidência da Republica de Cabo Verde, do Banco de Cabo Verde e da Câmara Municipal de Santarém. Muitos individualmente contribuíram para que ele realizasse o trabalho de compilação. Faltou todavia uma única referência ou agradecimento aos que levaram até ele todo o espólio de Eugénio Tavares, pois, tal obra, jamais poderia ser de um só obreiro sem colaboradores.

> João Martins, funcionário Publico e da Embaixada da América, natural da Brava foi quem mais dactilografou para Félix Monteiro longas páginas e deu uma ajuda fundamental.

> Jaime de Figueiredo, bibliotecário da Biblioteca Nacional da Praia protegeu muito as obras e levou uma parte substancial às mãos de Félix Monteiro.

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