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Eugénio Tavares
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O Grande Sonho - A Luta pela Felicidade do Povo de Cabo Verde
O sonho com a felicidade e engrandecimento do Povo Cabo-verdiano

A estadia no Mindelo marcou grandemente o jovem bravense. Colocado na Fazenda Pública do Tarrafal, descobre o Santiago profundo e vernáculo.

De regresso à Brava em 1890, Eugénio está um conhecedor da realidade de Cabo Verde.

Feito Recebedor da Fazenda na Brava, casa-se com D. Guiomar Leça, senhora de muitas virtudes, e companheira fiel para toda a vida.

Com a vida estabilizada, Eugénio fica preparado para um futuro brilhante. Já podia sonhar, e sonhou. O seu sonho era:

A Felicidade e o Engrandecimento do Povo Caboverdiano.

Eugénio Tavares
 

João José Nunes conta-nos esse sonho:

"...em plena pujança da vida, estuante de entusiasmo, Eugénio vive um sonho febril que inflama a sua alma môça e absorve todas as faculdades do seu ser moral - A Felicidade e o Engrandecimento do Povo Caboverdiano, cuja desgraça atroz ele atribui ao desumano abandono a que fora votado."

O Governador Serpa Pinto chega à Colónia e acalenta o sonho do Poeta. Acarinha-o e estimula-o depois de o conhecer.

Eugénio corresponde e a sua pena de jornalista exige justiça e moralidade para Cabo Verde.

A Morna ganha conteúdo e sonoridade. Os novos temas são O Amor, A Ilha, O Mar, a Mulher, o Emigrante, a Partida, a Saudade. A Hora di Bai com o objectivo do Regresso.

Morna "Mal de Amor" , original manuscrito pelo poeta  

A Língua Crioula dá os primeiros passos na senda da Literatura. O poeta é crioulo e a sua lira é crioula. Publica-se em crioulo.

Capa do livro "Manidjas", primeira publicação escrita na lingua crioula  

Surgem os serões de mornas, poesias e manidjas, seguidas de serenatas à moda de Coimbra. Faz-se teatro na Brava e ensina-se a cantar e a tocar.

Casa da Família Azevedo Arrobas
Residência de Serpa Pinto entre 1895-1900; local de serões de mornas e poesias apresentados por Eugénio Tavares


Recepção ao Governador na Praça Eugénio Tavares, na Ilha Brava 

À frente de uma Elite Cultural Nativista, com Loff de Vasconcelos e outros, ele identifica uma nova Cultura, em espaço português - era a Primeira Alvorada da Caboverdeanidade; estava identificado o Homem Caboverdiano.

Entre 1890 e 1900, Eugénio Tavares é o "Delfim" de Cabo Verde.

...em construção...

Um recado de Eugénio Tavares a Casimiro Monteiro
Informações adicionais


Certidão manuscrita por Eugénio Tavares, na qualidade de Recebedor da Fazenda Pública, em Setembro de 1890:



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A Morna, num novo ritmo por Eugénio Tavares:

A Morna é originária da Ilha da Boavista. Passou, depois, às outras ilhas, adaptando-se, e tomando a feição psíquica de cada povo, como que num gráfico de ascenção ou descenção em sua expressão artística.

Na Boavista não se elevou na linha sentimental; antes, planou baixo, rebuscando os ridículos de cada drama de amor; cantando o perfil caricatural de cada episódio grotesco, ironizando fracassos amorosos, sublimando a comédia gentílica das Moias (naufrágios de navios tão frequentes nas costas da ilha), tudo no estilo leve e arrebicado que afeiçoa a vida despreocupada do povo boavisense, o mais alegre, e o mais amorável de entre as gentes do Arquipélago. Música elegante psicatada de sorrisos finos e harmonias ligeiras.

Na Ilha Brava a terra em que os homens casam com o mar, como no poema de Pierre Loti, a dulcíssima estância da saudade, mercê da vida aventureira e trágica do seu povo a morna fixou os olhos no mar e no espaço azul, e adquiriu essa linha sentimental, essa doçura harmoniosa que caracteriza as canções bravenses. Elevou-se de riso a pranto, e finou, amorosamente, pelo portuguesíssimo diapasão da saudade.

Quem escreve estas linhas passou tardes de literatura, muito intímas, na casa do castelo, da família Arrobas, nesta vila, onde residiu Serpa Pinto, lendo versos de sua pobre lavra ao ilustre Governador e ao Almirante Augusto de castilho, então de passagem na Ilha.

                                                      ET

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Entre 1890 e 1900, o Poeta ,identificando-se, identifica também o Homem Caboverdiano, o seu meio de expressão, a sua lingua nativa, a lingua crioula...

Afigura-se como o primeiro poeta genuinamente caboverdiano, introduzindo uma influência artística no crioulo de Cabo Verde.

 

"Os aspectos exteriores que emolduraram a minha infância, o sonambulismo taciturno das montanhas em cujos socalcos sonhei os meus primeiros voos, solidões misteriosas e enovoadas, semearam no meu espirito sentimentos que em breve não cabiam na estreiteza do meio em que eu vivia. Mais tarde um outro factor preponderou: a formosura das filhas dos crioulos, minhas irmãs, seu caminhar harmonioso, erectas e plácidas na linha das paisagens perpendiculares, suas vozes argentinas ou veladas elevando-se nas toadas tristíssimas, suas frontes trigueiras e puras, romperam-me na alma a intuição melodiosa do idílio, e continuei sonhando, amando e cantando - com a fronte em sangue, com a alma em luz. No declinar da Primavera, açoutado de maus ventos, alanhado de injustiças odiosas, a poesia religiosa envolveu-me numa púmblea atmosfera de paz e de saudade. E continuei a sonhar, a amar e a cantar."

Autobiografia, por Eugénio Tavares

Casimiro Monteiro, Grão Mestre da Maçonaria Caboverdiana, exibindo as insígnias e o avental
Casimiro Monteiro, compadre de Eugénio Tavares, nasceu na Ilha Brava a 10 de Julho de 1865.

Proprietário, exerceu algum comércio e vários cargos na estrutura da sociedade bravense, chegando a ser presidente da Câmara Municipal da Brava. Colaborou nos Almanaques Luso-Brasileiros de Cultura, onde foi um exímio charadista. Aderiu à maçonaria ainda muito novo, tendo atingido lugares cimeiros dentro dessa organização. Com Eugénio Tavares desenvolveu muito essa associação que, no seio do seu secretismo, nos deixa muita dificuldade em investigar e conhecê-la.
 

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