O Berço do Poeta - A Ilha Brava
A Ilha dos Poetas, das Flores e das Mulheres Bonitas
Foi no ano de 1460 quando Diogo Gomes e António da Nola, a mando do Infante Dom Henrique, regressavam a Portugal vindos das costas da Guiné. Navegando a cerca de 500 Km avistaram terra. Tratava-se de um arquipélago e deram-lhe o nome de Cabo Verde. Muito mais tarde numa manhã do dia de São João Baptista chegaram à mais pequena das ilhas hoje povoada. Chamaram-lhe a Ilha de São João e mais tarde Brava por ser a mais acidentada.
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Com a forma de uma elipse, tem apenas 64 Km ² e o seu comprimento máximo é de 9 Km no sentido Este-Oeste. Os seus vales são profundos, os seus cumes elevados atingindo 1100 metros no Monte das Fontainhas.
O seu clima é excelente, muito ameno e sempre fresco, com temperaturas entre os 16 e 25 graus. Os seus mares profundos de um azul sem igual, recortam as suas costas formando algumas baías de raro encanto - Furna, Ansião, Fajã D´água e Sorno. Distancia-se dela, apenas a 8 Km, a Ilha do Fogo com o seu sumptuoso e poderoso vulcão. |
Mapa da Ilha Brava editado por Eugénio Tavares |
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Os seus mares profundos de um azul sem igual, recortam as suas costas formando algumas baías de raro encanto - Furna, Ansião, Fajã D´água e Sorno. Distancia-se dela, apenas a 8 Km, a Ilha do Fogo com o seu sumptuoso e poderoso vulcão.
Foi a mais verde de todas as dez ilhas e considerada a mais bela ilha do mundo.
Considerada a jóia do Império Colonial Português, serviu de berço ao Poeta Eugénio Tavares, a 28 de Outubro de 1867.
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Arquipélago de Cabo Verde |
Escreve o Poeta sobre a sua Ilha:
"Descoberta num dia 24 de Junho, chamaram-na a Ilha de São João. Depois, a natureza selvática da sua orografia, o bravio dos seus vales emaranhados de vegetação hostil, e o abandono que foi relegada durante muitos anos e ainda depois de habitada, deram-lhe o nome de BRAVA.
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Vista da antiga povoação, hoje Vila Nova Sintra, Ilha Brava |
Em 1680 houve uma grande falta de chuvas na ilha do Fogo; e aventa-se que muitos casais (não escravos, que esses, jungidos à tirania dos senhores, não podiam mudar de terra), buscaram refúgio na Brava; mas já a encontraram povoada por colonos brancos, os quais, coisa de cem anos antes, se tinham estabalecido na costa noroeste da ilha, constituindo o fundo dessa admirável raça de homens fortes, pacíficos e bravos, e de mulheres perfeitas, com o lídimo moral da mulher portuguesa.
Á suposição de uma colónia negra vinda do Fogo, escravos arremessados pela fome às praias da ilha deserta, os quais, depois, vieram a realizar a maravilha de uma descendência branca, energica, dotada de tradições e virtudes, que não têm, evidentemente, o seu habitat no continente africano, essa lenda inconsequente, não podia ajustar, quanto mais prevalecer.
Todo este arrazoado para trazer à história a confluência de veios de verdade; e não porque essa sonhada origem guineana nos importe depressão, pois que a dignidade humana não está na côr da epiderme. Antes, honra insigne seria descender de escravos e ter subido a senhores. já que ninguém ignora que na Ilha Brava,cada homem é um senhor independente e livre em toda a acção social.
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Vista de Nª Senhora do Monte, Ilha Brava |
Assim, se é facto que em 1680, alguns casais do Fogo se refugiaram na Brava, indubitavelmente é que já encontraram a Ilha habitada por famílias brancas.
Eugénio Tavares, in Boletim Geral das Colónias, nº.45, Março de 1929"
Ainda sobre a sua terra, Eugénio Tavares compôs o hino Bravense, acarinhado pelo povo da Ilha e que o adoptou como ...
Hino Bravense, por Eugénio Tavares |
O' Brava amada, meu ninho em flor,
O' pequenina e humilde Brava!
Coroada outrora de fogo e lava,
Hoje teu nimbo é o nosso amor!
Terra crioula, terra natal,
- Tamanho e forma de um coração! -
Que Deus te guarde de todo mal,
Que em torno a ti o Mal ruja em vão.
Filha da lava e filha do mar,
Que a lava aquece e o mar rebeija,
Tua alma, ó Brava, como que adeja,
Asa de sonho solto no ar.
Nunca amainaste na tempestade
As velas cândidas da clara esperança,
Nunca deixaste de, na bonança,
Ser forte e doce como a saudade!
Coro
Teus filhos amam o largo mar,
O mar que os leva e que os traz de espaço: Choras, se partem p'ra não voltar,
Cantas, se voltam ao teu regaço! |
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Informações adicionais |
DESCOBERTA DE CABO VERDE
Decorria o ano de 1460, quando o Infante Dom Henrique ordenou a Diogo Gomes que regressasse ao Reino de Portugal, finda a sua bem sucedida missão diplomática aos Povos da Guiné.
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Infante D. Henrique; abaixo encontra-se a sua assinatura |
Levados por novos ventos ou correntes desconhecidas, as caravelas navegavam a cerca de 500 quilometros da Costa da Senegambia, quando avistaram terra.
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Caravelas Portuguesas |
Para trás ficara o continente africano e o Reino de Portugal bem distante estaria, nesse dia de São Tiago, primeiro de Maio de 1460.
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Principais descobrimentos até à morte do Infante D. Henrique |
Instado por António da Nola que seguia na expedição, fez-se a aproximação e o desembarque numa grande ilha a que chamaram de São Tiago, em homenagem ao santo padroeiro daquele dia. Foi no local hoje denominado Cidade Velha onde os Portugueses pisaram o chão de Cabo Verde pela primeira vez.
Estava assim descoberta a primeira das dez Ilhas e de alguns Ilhéus que viriam completar, dois anos depois, o Arquipélago de Cabo Verde.
As ilhas foram encontradas desabitadas, como fizeram eco, quinhentos anos depois, os poetas caboverdeanos Jorge Barbosa e Cajuca Pereira:
"Quando o descobridor chegou à primeira Ilha,
Nem homens nus, nem mulheres nuas,
Espreitando inocentes e medrosos, detrás da vegetação"
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"Mas sim, altos cumes rasgando céus
Planícies rasas de solo salgado Praias negras de vómitos vulcânicos Paisagens virgens, verdes vertentes
Rochas nuas cortadas a pique."
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